Quais são suas profissões? Precisamos entender que o mundo é, e precisa ser, multifuncional.

Estávamos ministrando uma aula sobre empreendedorismo em um projeto estadual para alunos da rede pública. Quando um dos alunos questionou sobre escolher uma área, uma atividade em específico, trouxe a ideia de que ao escolher o profissional faria apenas aquilo. Logo meu colega e eu dissemos aos alunos que esse pensamento não é mais uma realidade, pois cada vez mais é comum que tenhamos 3, 4 ou até 5 profissões ao mesmo tempo. As coisas mudam, o conhecimento e a informação chegam de forma extremamente rápida e instantânea, nossa possibilidade de produção multiplicou e somos capazes de realizar diversas atividades. Além disso, fatores econômicos influenciam muito, tempos de crise e de baixos salários fixos naturalmente fazem com alguns trabalhadores invistam em outras ações para rendas extras. 

Se você parar para pensar “Qual a minha profissão?”, Você realmente faz apenas isso? Ou depois de seu expediente, ainda consegue trabalhar com outros negócios, em outros lugares?

O administrador além de suas funções faz também consultoria, o pesquisador de letras ou redator trabalha com correções gramaticais em jornais, artigos e formatação de trabalhos acadêmicos, o publicitário também é designer e teve que aprender a fundo mais sobre marketing, o psicólogo consegue algumas aulas e palestras… E assim vão aparecendo outras atividades que agregam na renda, no conhecimento, na produção e no networking, claro. Porém, isso não acontece muitas vezes de forma mecânica, ou seja, não é uma necessidade onde você precisa e corre para fazer, mas sim elas aparecem e/ou aos poucos você realiza a(s) atividade(s) em um lugar, depois em outro, e quando vê já recebe alguns pedidos. 

Entretanto, engana-se quem pensa que isso é apenas nos momentos em que estamos fora de nossos empregos formais ou rendas principais – em caso de não ser autônomo -, pois nas empresas, de forma gradativa, somos multitarefas. Fazer apenas uma determinada função, em uma produção “fordista” sistemática de um setor não funciona mais. Todos entendem um pouco do que o colega faz, e se algo demora e um problema aparece, rapidamente um consegue fazer e o agito diário acontece. Claro, se um faz em demasia a função de outro alguém, provavelmente esse está jogando sujo, saibamos medir também…

Mas e se eu não quiser trabalhar em diversas funções? 

Pois bem, costumo dizer que é difícil negar o futuro, não estamos mais em condições, e não por não podermos escolher ficar apenas em uma determinada função/ área, mas justamente por tudo ser mutável. As profissões mudam, atualizam, morrem, novas surgem… Tudo isso acontece diariamente, em uma velocidade impressionante nas últimas décadas com o avanço tecnológico. Nossos filhos e netos trabalharão em atividades que hoje nem pensamos, assim como para nossos avós trabalhamos em serviços que os geram estranheza. Mídias sociais… Se eu explicasse isso para meus avós há 40 anos atrás eles talvez duvidassem. Meu avô, por exemplo, era açougueiro do exército, em um tempo muito comum ter açougues especializados. Hoje, não que não tenha mais, mas a maioria são em supermercados e é algo muito mais prático. O outro avô era doutor em motores, pois a Chevrolet pagava os cursos em São Paulo para os mecânicos. Hoje, o doutor em motor é algum robô KUKA que agora é quem precisa de uma manutenção…

“Trabalhar com diversas funções” não significa necessariamente ser obrigado a fazer inúmeras atividades desgastantes, mas sim estar atualizado, pronto para uma evolução que em algum momento pode substituir uma de suas atividades. Ainda há, e possuo amigos com essa dificuldade, que negam essa mudança, não querem se atualizar e aprender novas funções e apenas se especializar em suas áreas limitadas, essas já desaparecendo. Nicho de mercado? Quase não há. A procura é pouca, a tecnologia já as fazem, mas é difícil para alguns aceitarem que precisam migrar. A idade muitas vezes é um fator que gera o receio, a clássica “Será que ainda estou com idade para mudar de área?”, ou o próprio medo de algo novo, de não ser bom no que for apostar. Tudo isso é muito compreensível, e como seres humanos é natural e até bom que tenhamos esses receios, porém não podemos nos deixar influênciar por esses pensamentos. 

Para quem pensa que são apenas “profissões baixas” que estão sumindo, engana-se fortemente, pois até engenheiros, entre outras áreas conhecidas como “altas” precisam repensar suas tarefas e foco. 

https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/robos-assumem-lugar-de-engenheiros-e-aceleram-desenvolvimento-de-um-carro/

Tem quem se apavore e crie visões distópicos, quem veja de forma otimista o futuro e suas inovações, eu prefiro ver como um fluxo natural. Faz parte e temos que nos atualizar, nos manter ativos e partir para novos horizontes. 

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Ter múltiplas profissões? Mas e o Tempo e Dinheiro?

“Você dorme?” é a mais clássica pergunta para quem realiza muitas funções. E a resposta é sim, dormimos. Eu particularmente tive diversos problemas até achar meu ritmo, e vocês podem ver isso nos artigos anteriores. Referente ao dinheiro, dai a importância de termos nosso emprego fixo para que banque nossas novas ideias. O Pêssego Podcasts ainda não dá retorno financeiro, mas já conseguimos algumas parcerias. O que o banca? Uma outra profissão. 

A Época Negócios trouxe em destaque um artigo do escritor Kabir Sehgal para a Harvard Business Review. A matéria fala justamente de o porquê é válido que tenhamos mais de uma profissão, mas também da importância de sabermos administrar e fazer tudo isso de forma saudável. 

Outro ponto muito importante que Sehgal fala é sobre “Fazer amigos em diferentes círculos”, mas isso deixarei para um próximo artigo sobre associativismo. 

https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/05/porque-voce-deveria-ter-pelo-menos-duas-carreiras.html

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Por fim, creio que consegui transmitir um pouco do meu pensamento sobre nossas rotinas de múltiplas tarefas e de como isso vem se tornando natural e orgânico em um mundo de constante evolução. A Quarta Revolução Industrial, que também entrarei em detalhes em outro artigo, é uma demonstração de como a tecnologia vem se misturando com o biológico, com o ser humano. Deixarei alguns livros que abordam o tema par quem se interessar em discutir um pouco mais sobre o nosso futuro. 

Livros:

  • A Quarta Revolução Industrial (Klaus Schwab) >> https://amzn.to/2NCo5NK
  • Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil >>https://amzn.to/2HwmZ2q
  • Os robôs vão roubar seu trabalho, mas tudo bem: Como sobreviver ao colapso econômico e ser feliz (Federico Pistono) >> https://amzn.to/327f5UP
  • Futuro é Smart: Como as Novas Tecnologias Estão Redesenhando os Negócios e o Mundo em que Vivemos (André Telles) >> https://amzn.to/2KYV7px

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Pedro Gonçalves é Coordenador de marketing na Pêssego Atômico – Produção multimídia e Consultoria em Marketing, trabalha com consultoria e gestão com diversos clientes na região da AMUREL em Santa Catarina. 

Também é host do podcast Pêssego Podcasts onde fala de Literatura, Cinema e Quadrinhos, e possui quadros semanais nas rádios Porto Gravatá (Gravatal – SC) e Pamppas WEB (Porto Alegre – RS). 

Roteirista de Sketches de comédia pela The Second City – Comedy School de Chicago.

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