Despertador toca, acordamos cedo, passo um café para mim e para Cintia, ela sai, eu me dirijo ao estúdio, medito cerca de 15 minutos e logo em seguida me arrumo e vou de bicicleta para o trabalho. Essa é a rotina que adotei no inicio desse ano, e provável o que fiz antes de escrever esse artigo. Com certeza a melhor decisão que eu poderia ter tomado nesse início de 2020, mesmo que me faça acordar mais cedo.
Na verdade, agora que tenho o luxo de ir de bicicleta, pois antes trabalhava e outra cidade e a jornada iniciava ainda mais cedo para conseguir pegar o ônibus. Porém, em nossos dias cada vez mais corridos, onde já chegamos no trabalho cansados, pois o trajeto já inicia ao realizarmos tudo muito antes das 8, tornam as próximas horas mais cansativas e até estressantes.
O trabalho convencional é um universo a parte, ficamos lá mais tempo do que em nossas próprias casas, vemos mais nossos colegas do que nossa própria família, e assim como tios, alguns legais e outros terríveis, colegas de trabalho também não escolhemos. A pressão pelas metas, por entregar materiais, produzir em tempo recorde, quebras no planejamento para coisas que são para ontem ou simplesmente por alguma desorganização de um terceiro – ou sua -, fazem com que nossa ansiedade vá às alturas. Acho isso tudo muito louco, para ser sincero, mas ai já é um papo quem sabe sociológico…
Que a meditação me ajudaria, tanto na questão de ser menos ansioso quanto iniciar o dia de forma mais tranquila, eu já imaginava. Entretanto, que mudaria minha forma de ver as coisas, de ser mais controlado e produtivo, estou todo dia me surpreendendo. E o produtivo não me refiro ao trabalho, render para um outro, é ser produtivo no dia a dia, em estar com uma saúde melhor, mais disposto e rendendo mais. Por tempos tive uma dificuldade tremenda para levantar, saindo da cama beirando ao atraso, mas agora nem ouso voltar a deitar e a meditação tornou-se “sagrada” pelas manhãs. Poderia fazer isso ao chegar do trabalho, antes de dormir como feito por alguns colegas, mas a minha questão é começar o dia melhor, estar mais calmo no ambiente em que mais me anseia, o trabalho. Não digo que o local e o que faço me deixa ansiado ou me causa sentimentos negativos, mas para alguém com ansiedade, qualquer coisa fora de nosso planejamento já é um motivo para que o coração dispare.
- Visão
Uma das principais mudanças foi essa perspectiva dos pequenos problemas, fatos que outrora eu jurava serem grandes como se qualquer ponto fora da curva já fosse afetar a mim ou algum outro. A ansiedade as vezes nos deixa egoístas e desgostosos conosco mesmo, da ansia vem a ação mal pensada, e dessa ação o arrependimento. Que ciclo terrível esse, a sequência de “desculpas” não só incomodavam a mim como a todos que ouviam, muitos sem achar que era necessário eu me desculpar. Que fase…
A meditação quando feita corretamente nos desperta, nos deixa mais ativos, e nada de “esvazia a mente e relaxa”, ela organiza nossos pensamentos e por isso dá a impressão de relaxamento, e outra que não há como “esvaziar a mente”, visto que nossos pensamentos são constantes. Nessa rotina que tornou-se diária, consegui refletir a cada sentimento de incômodo, digerir o que que já me acontecia e gerava estranheza, e agora penso o quão pequeno é tudo aquilo. Até assuntos que antes eu chegava a brigar e me estressar, hoje riu de como há tão pouco tempo eu poderia agir de tal forma, só recebo e penso o quão interessante é a diversidade de opiniões e ideias. – Claro que também não vou aceitar absurdos, tudo deve ser equilibrado -.
- Energia
Você descobre o quanto a mente frenética esgota nosso físico, quando realiza as mesmas e até mais atividades do que antes, mas ainda assim está com mais energia e saúde. É incrível, e nos momentos de reflexão, quando pensamos em como está nossa vida agora, o sentimento de prazer e realização consigo mesmo é impagável. Que contraste com um ano e meio atrás quando eu em outro emprego, choroso e com início de depressão, me preocupava se conseguiria outro emprego ou como manteria x ou y, deixando em segundo lugar a saúde… E custou caro, muito caro.
Essa energia me vez focar em voltar para as atividades que eu gosto e acima de tudo na saúde.
- Calma
Gostar de uma variedade de assuntos é um “problema”, não sabemos o que fazer primeiro. Fazemos um pouco de tudo e tudo de nada. Entretanto, quando o assunto era pensar no futuro, além disso, eu me deparava inúmeras vezes não só pensando, como também me estressando por problemas futuros, imaginando situações daqui uns quatro ou cinco anos… Que absurdo! E que idiota! Eu lá sei como estarei em cinco anos? Tenho minhas reservas, meus planos e cuidados? Claro! Então está certo, o que é necessário está feito e não há pelo que se preocupar mais.
Confesso que tenho dificuldades para por em palavras o sentimento que vinha no peito quando eu pensava no futuro, era como calcular uma incerteza, tentar fixar uma trajetória sem ter um mapa, apenas sabendo onde quer chegar, sendo que basta sabermos onde queremos chegar. Pouco planejamento é irresponsabilidade e problema, planejamento em demasia é não viver. Reforço que o equilíbrio é essencial, mas não fácil de encontrarmos.
- Simplicidade
Nada melhor que estarmos bem resolvidos com nós mesmos. E isso faz com que pormenores e futilidades que nos é constantemente entregue, de fato parecem não ter necessidades. Meus focos seguem os mesmos, mas o caminho está mais limpo, não vejo mais tantas vontades, tantas coisas pequenas que antes pareciam ser necessárias, apenas o simples. Falando em financeiro, por exemplo, recebo menos do que antes, e vivo melhor, mesmo com menos. Prioridade é algo interessante, mas quando estamos um pouco “perdidos” precisamos suprir esse vazio que é até então é incompreendido.
Como falei referente a energia, é um sentimento muito bom quando estamos mais leves, com menos cargas, mas ainda certos de nossas metas.
- Convivência
Creio que as minhas “desculpas” tão faladas era por agir de forma negativa com quem eu amo. Para eles podia ser nada, mas se o comportamento era algo que eu não gostava, eu acreditava que eles também não gostavam. Por ora era apenas eu infeliz comigo mesmo.
A leveza, ser mais reflexivo no que ouço e digo, mastigar melhor as coisas me fez ser uma pessoa melhor com os meus próximos, agir como de fato eu gostaria e queria ter agido desde o início, possuir uma maturidade válida para conviver com entes queridos e até mesmo colegas e estranhos.
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O que me encanta na meditação é ser algo que devemos melhorar e nos aperfeiçoarmos para sempre. Buscar o equilíbrio e a concentração cada vez mais, e como “brinde” por percorrer esse caminho, nos tornarmos pessoas melhores.
Tantas transformações, tantas coisas boas que meu peito vem sentindo, que como disse para minha mulher “Nem sei explicar o que sinto”, tudo isso por iniciar com as seguintes ações:
Sentar na postura, sentir todo meu corpo, e respirar, respirar bem, respirar com calma e ouvir tudo que está no meu redor. Ouvir a natureza. E se o som da cidade o incomodar, ainda que em um local mais afastado, lembre-se: Nós também somos parte da natureza.
Muito obrigado! Até o próximo artigo.
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Obs: Em casos intensos de ansiedade procure um psicólogo, um profissional qualificado para ajudá-lo. Apenas buscar ajuda na meditação ou com alguém sem a qualificação necessária, pode complicar o seu quadro.
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Pedro Gonçalves é Coordenador de marketing na Pêssego Atômico – Produção multimídia e Consultoria em Marketing, trabalha com consultoria e gestão com diversos clientes na região da AMUREL em Santa Catarina.
Também é host do podcast Pêssego Podcasts onde fala de Literatura, Cinema e Quadrinhos, e possui quadros semanais nas rádios Porto Gravatá (Gravatal – SC) e Pamppas WEB (Porto Alegre – RS).
Roteirista de Sketches de comédia pela The Second City – Comedy School de Chicago.
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