“Ignoramos sermos uma espécie pelo puro ego da racionalidade, e nisso nos comportamos ainda mais como animais.”
As vezes me questiono sobre a INvolução humana. Seria ela tamanha que nossos movimentos estão cada vez mais animalescos? Quando digo isso, é em momento algum uma contradição aos nossos instintos animais, pois são claros e quando analisados como espécie, fica ainda mais nítido o quanto somos animais vivendo um breve momento de superioridade de espécie. Mas penso em um retrocesso na evolução racional justamente no quesito espécime.
Em que ponto estamos de nossa evolução? O que temos para evoluir? Devemos progredir em muitas outras coisas, desbravar ainda mais nossa capacidade humana e evolutiva, visando também o próprio desenvolvimento e aprimoramento de nosso porte. Estamos em constante evolução, desde os primatas até agora órgãos foram quase inutilizados, dentes estão menos predatórios, a quantidade de pelos e resistência diminuem, reflexos e instintos são secundários em uma quase não necessidade de caça… Culminamos em uma era de ciborguismo ou de inutilidade?
Vivemos em um “momento de paz”, não há grandes conflitos, tampouco devastações e ameaças que gerem um caos coletivo. Não possuímos um propósito maior como sobrevivência eminente, onde precisamos ir atrás de nossa caça, sentir a necessidade de desbravar e conhecer o resto do mundo, nem conseguimos cogitar conhecer ainda o universo pois seguimos limitados para essa; e também não nascemos dispostos a combater em guerra para defender nosso país, pois não há um conflito mundial – E que bom que não há, claro -. Interessante pensar que muitas das grandes inovações, das criações vieram justamente desses períodos. Seriamos nós movidos ao conflito, ao caos, a pressão urgente para que inovemos? Estamos criando novos tecnologias, produtos… Mas tudo com base no conforto, no prazer utilitário. Há o clássico discurso da necessidade corporativa em lucrar e dominar, mas o dinheiro não passa de uma forma monetária que segue no domínio do método, nada garante ser eterno, e quem permite que corporações tenham esses lucros somos nós buscando desse conforto citado. Sobre a confortabilidade da vida, também me questiono até onde tudo que temos nos faz bem.
Não quero parecer hipócrita, muito pelo contrário, utilizo da tecnologia e gozo de suas funcionalidades, até mesmo das quais não gosto. Escreve esse texto em um computador, diga-se de passagem maravilhoso, mesmo não gostando de celulares possuo um smartphone que me permite trabalhar com extrema facilidade, mas quando me pergunto até que ponto tudo isso é bom e saudável para nossa evolução, me incluo nesse grupo a ser analisado. Nessa espécie tão curiosa que é o ser humano, a tecnologia, sejam elas digitas ou analógicas, causaram e causam diversos efeitos no ser humano. As roupas diminuíram nossos pelos, já que essas nos aquecem, a facilidade em comprar alimento fez nossos instintos de caça praticamente sumires, a quantidade de informação visual, telas e mais telas, faz com que nossa visão seja prejudicada e nada precisamos fazer, pois os óculos muito bem nos servem. Podemos pedir comida, comprar, ver a previsão do tempo, saber como está o transito, tudo por comando de voz! Com um aparelho você pode tornar sua casa “inteligente” e desligar as luzes, ligar o ar condicionar, isso direto do celular, ou também, até por comando de voz. Os carros, desde que se tornaram populares, já mostraram um pouco desse comportamento, pois quantas pessoas já quase não se dão ao luxo de caminhar, vão de lado x a y de carro. Falam como se sem esse não pudessem chegar a lugar algum, e possuem esses tantos argumentos para justificar sua dependência doentia que quando ouço, confesso, um pouco me enoja. Do que somos capazes atualmente? O que nos exige esforço e capacidade de sobrevivência? Temos tudo pronto, tudo de “mão beijada”, que se pensarmos sobre isso chega a gerar estranheza.
A fome, o medo, a curiosidade, o desejo sexual, a procriação e outros sentimentos primários se tornam cada vez mais sagrados nesse sentido, pois são nossos resquícios mais naturais, que aos poucos também somem. Estranho as vezes ver a barbárie como algo “puro”, da forma que já brincava e devaneava por entre seus escritos, Robert E. Howard. Não quero parecer que gostaria de ver um retorno à barbárie ou a um comportamento primata, longe disso, penso é na busca por uma evolução como espécie, do potencial humano que muitas vezes acho que o “animal político” mutila a cada dia. Somos movidos a pequenas conquistas de espectro social como ganhar o salário para obter produtos, nossas ameaças e perigos vem de uma determinada sociedade, do trabalho, de tentar conseguir uma quantia para comprar um novo carro… E se observarmos como um ser, uma vida externa, percebemos o quão fútil torna-se tudo isso, e quão limitados somos na vastidão de habilidades que possuímos, mas ainda não desenvolvemos; muito pelo contrário, perdemos essas habilidades pelo uso excessivo da tecnologia.
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HOMEM POLÍTICO
Estudo sobre econômia há uns anos, me encanta diversas das noções da ciência de trabalhar a escassez das coisas, sabermos administrar para então realizar e usar. Nos debates políticos, algo que já fui muito assíduo, vivenciamos o universo dos rótulos da repulsiva polarização que vivemos, a “esquerda” me chama de liberal/coxinha e a “direita” me chama de esquerdista… Confesso que já fui de utilizar esses rótulos em diversos discursos antigos, mas vejo hoje isso como algo tão desnecessário e ínfimo que ao buscar entender o porque desse uso, percebo como deturpamos qualquer significado político que elas as tenham para utilizarmos como rótulos próprios de opiniões que possuímos em coletivo para segregar, de forma cada vez mais peneirada, nossas novas “bolhas” sociais de um grupo que pensam como nós. As discussões, trocas de conhecimento e debates argumentativos acontecem menos.
Estaríamos usando da política para expressar toda uma gama de sentimentos brutais e nada saudáveis?
O homem é um ser político e quase sempre foi. Desde civilizações pré-coloniais, grupos indígenas… Tão como hierarquias de outras espécies, nós sempre encontramos um jeito de criar uma estrutura de controle, de cargos que “ajudam” a definir e regular toda uma população. Como um ser corruptível e banhado em discursos hipócritas, cargos que lidam com determinado poder sobre outros são pratos perfeitos para ações corruptas e um meio fácil de controle. A ignorância ao controlar consegue influênciar a gama de seguidores a serem tão ignorantes quanto, e torna-se claro isso atualmente.
Políticos e figuras “importantes” sendo tratadas como salvadores, detentores de uma verdade, quase que incorruptíveis é a prova sociológica da necessidade que a comunidade possui em ter seus heróis e agir com rejeição a qualquer crítica para com esses. Não entrarei em detalhes sobre essa necessidade de um herói, visto que não tenho embasamento para comentar sobre, mas é algo que me entristece quando não vejo uma correção tão breve para tal comportamento. Nessas ações consigo voltar ao ponto das futilidades, quando vemos turmas saudando estátuas da liberdade, fazendo vigilância e acampamentos para políticos… Todos esses possuidores de poder e equipes para a melhor segurança. Pessoas que fazem campanha gratuita por alguém que nunca conheceram pessoalmente, enquanto brigam com amigos, familiares e até desejam a morte de um “diferente”. Ameaçar e vomitar discursos de ódio são vistos nos dois polos políticos e cada um fala em suas “razões imaginárias” que o outro que o faz e que eles são os bons, quando na verdade não há bons. A política virou o argumento para toda revolta e brutalidade emocional e física ser liberada, o homem político criado para dar norte e uma ordem para a sociedade demonstra todo seu fracasso quando essa está perdida sem possuir argumento, já não mais embaralhadas em hipocrisias mas sim em uma quimera de justificativas falhas.
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FUTURO
Vamos demorar para evoluir.
Não consigo ser otimista e ver evolução breve nas próximas décadas, e creio que passaremos por um caos ainda maior até que venha algo grande o suficiente para congelar as polaridades e guiar o ser humano para um novo caminho. Nossa espécie vem demonstrando estar mais fraca mentalmente, com a necessidade ancestral por uma liderança que aparenta estar mais aflorada, pois tornaram-se animais enfraquecidos. Entretanto, visto que todos somos parte da mesma sociedade em queda, não temos os líderes que utópicamente almejamos.
“Ou trabalhamos para evoluirmos como espécie e vivermos em nosso planeta por mais bons anos, ou seguiremos agindo como vírus involuntários”.
Quando digo isso, quero dizer que nem todos trabalham com ações virais no planeta por querer, mas por serem dominados, influenciados a não compreenderem o tamanho impacto do humano no fluxo natural de nosso planeta. Chegamos em um nível tão enraizados na Terra, que não seria simplesmente “apagar” o ser humano, como dizem alguns argumentos infantis, pois sem um ser do mesmo raciocínio, todas as nossas criações gerariam efeitos negativos na natureza. Ao mesmo tempo que somos a espécie mais racional, a ponto de identificar acelerações nas mudanças climáticas, somos os mesmos a negá-las. Ainda assim, a espécie segue buscando um poder de escala social que ignora o fato que precisamos cuidar de nossa escala natural.
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O tempo é curto
“Se estivessemos a 65 milhões de anos luz de distância Terra, com um telescópio super potente, conseguiriamos ver os dinossauros”
A explicação técnica para isso é:
“Apesar de a luz alcançar 300 mil quilômetros por segundo, as distâncias entre corpos celestes são tão grandes que o tempo de propagação é perceptível. A Lua está a uma distância de pouco mais de 300 mil quilômetros da Terra, portanto a luz leva aproximadamente um segundo para chegar até nós. Podemos dizer que o satélite está a um segundo-luz de distância […] Quando a distância aumenta, o tempo para que a luz desses corpos celestes chegue até nós se alonga também. Andrômeda, galáxia vizinha da Via Láctea, está a 2 milhões de anos-luz de distância, ou seja, nós estamos observando esse sistema do jeito que ele era há 2 milhões de anos atrás. “Caso existam astrônomos em algum planeta ao redor de alguma estrela de Andrômeda, eles também estarão vendo a Via Láctea como ela era há 2 milhões de anos no passado”*
Os dinossauros viveram cerca de 160 milhões de anos na Terra. Após extinção e todo um processo evolutivo de nosso planeta e de seus seres vivos, neste ambiente com uma biodiversidade extraordinária, o homo sapiens surgiu e até hoje, 300 mil depois, habita o planeta como espécie dominante. Mas o que são 300 mil perto de 160 milhões de anos? Nossa antiga espécie dominante ainda nos vence, e são visíveis para quem nos observa de longe. Não cremos por motivos naturais que a saúde de nosso planeta nos permita viver mais 160 milhões de anos, mas seja qual for nosso prazo, não o viveremos se seguirmos no comportamento sabotador e suicida que possuímos.
Nossas ações tornaram-se cíclicas e o ser humano em tantos séculos volta a cometer os mesmos erros. Possuímos nossas fases prósperas, outras de profundos conflitos e perdas no conhecimento, e assim seguimos em um ciclo vicioso que volta a questionar se não seria nosso estado natural. Não consigo, quem sabe por limitação do meio em que vivo, imaginar um novo comportamento e uma nova sociedade para nossa espécie.
Mas qual a real consequência de negarmos ou esquecermos que somos animais e criarmos essa necessidade de nos “garantir” como se fossemos únicos e eternos, como seres poderosos, quando nossa única vantagem em um corpo cada vez mais fraco é um raciocínio superior que se põe em prova a cada dia.
Poderia alguma outra espécie evoluir e tomar o domínio enquanto ainda estamos vivos? Acho difícil, penso apenas se cometeria essa os mesmos erros que nós.
Para finalizar meu raciocínio, espero que melhoremos como espécie e deixemos de lado um pouco nossos comportamentos e necessidades fúteis. Somos uma espécie curiosa e incrível, mas não única e muito menos a mais evoluída. Pelo contrário, cada vez mais vejo o quão próximos de nossos primos primatas e de outros mamíferos ainda estamos.
Até o próximo artigo.
Fonte: https://revistagalileu.globo.com/blogs/sem-duvida/noticia/2014/09/se-eu-estivesse-65-milhoes-de-anos-luz-de-distancia-terra-conseguiria-ver-os-dinossauros-com-uma-luneta-potente.html
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Pedro Gonçalves é Coordenador de marketing na Pêssego Atômico – Produção multimídia e Consultoria em Marketing, trabalha com consultoria e gestão com diversos clientes na região da AMUREL em Santa Catarina.
Também é host do podcast Pêssego Podcasts onde fala de Literatura, Cinema e Quadrinhos, e possui quadros semanais nas rádios Porto Gravatá (Gravatal – SC) e Pamppas WEB (Porto Alegre – RS).
Roteirista de Sketches de comédia pela The Second City – Comedy School de Chicago.
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