Durma enquanto eles trabalham (Você não leu errado)

“Trabalhe enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem…” essa frase é bem comum em alguns portais sejam eles de empreendedorismo, motivacionais, entre outros que tentam aumentar os ânimos produtivos de seus seguidores (ou qualquer perfil chato de coach). Porém, como tudo, pode tomar proporções um tanto pesadas e nem sempre devemos nos entregar ao literal das mensagens. Digo isso, pois cai em minha própria armadilha, dosei errado meu limite e exagerei no ânimo. 

Por anos eu falei a seguinte frase (e ainda concordo muito com ela, desde que feita com cuidado): “Quanto mais coisas fazemos, mais temos tempo.”, pois na maioria das vezes que via alguém reclamando que não tinha tempo, que as coisas estavam complicadas ou que algo x não seria tão prático de fazer, essa pessoa fazia pouquíssimas coisas, sua rotina era um paraíso da tranquilidade se comparado a minha e a de alguns amigos que nos encontrávamos em meio a dois ou três trabalhos, além dos estudos e deveres de casa – E mesmo assim arranjávamos tempo para outros compromissos -. Batia aquela revolta ao ouvir as frases de falta de tempo, enquanto tirávamos água de pedra para realizar nossos afazeres. 

Estava em um momento da minha vida onde trabalhava em três lugares, faculdade, produção de conteúdo para internet, duas associações, academia, e atividades de casa e com a família. Literalmente estava trabalhando e estudando enquanto eles dormiam e se divertiam. Resultado? Sim, dinheiro. Mas muita fraqueza, baixo rendimento em todos os trabalhos e projetos, além de um enorme esgotamento emocional até chegar ao burnout que me fez tomar algumas ações. “Estava valendo a pena tudo aquilo?” foi a principal pergunta que precisei me fazer. Descobrir até onde e o que me fazia bem e o que me prejudicava. Dessas, quais delas era melhor eu largar e quais conseguiria dar conta até um determinado tempo? Tudo precisa ser pensado, nossos compromissos e ações tem consequências, e não podemos tomar decisões as pressas. Mas para cuidar da saúde mental, todo trabalho e reorganização é válido. Sair de x trabalho, largar alguma y coisa, acaba gerando um baque em nosso financeiro, mas tendo tudo planejado e sabendo de fato o que é melhor para você, é o que importa.

Reforço que ainda concordo com a minha frase da questão de quanto mais coisas fazemos, mais estamos aptos e conseguimos encaixar um momento do dia para realizar outra coisa. Porém, devemos tomar muito cuidado e conhecer o nosso limite. Saber o instante em que esse pequeno e pontual momento deve ser destinado a nós mesmos, a nossa mente. 

Frases motivacionais e cases apresentados como se tudo fosse fácil, que o esforço em demasia te trará grandes resultados, são perigosos. Não que não tenham pingos de verdade, mas nada é preto no branco, 8 ou 80. Tudo precisa de equilíbrio, de uma boa dosagem e principalmente, bom senso – Quero falar de bom senso e bolhas sociais em outro artigo -. Com certeza conquistamos diversas coisas e muitas portas se abrem se assim fazemos, e não me arrependo de nada, porém, com um pouco de ponderação e dosagem, eu não precisaria ter tido uma instabilidade emocional e todo uma leva de problemas por me super carregar… Lições da vida, não é mesmo?

Umas das principais coisas que me agonia, por exemplo, é quando percebo que estou trabalhando em demasia, já por alguns dias, e não dou a devida atenção para a família. No primeiro sinal disso eu para tudo que estou fazendo para me dedicar aquilo. Esses momentos são mais preciosos que tudo. Claro, algumas coisas infelizmente perdemos por questões de trabalho, faz parte faltarmos determinadas coisas, isso também é normal. Você não será a pior pessoa por perder uma apresentação do karatê do seu filho(a), mas quando as faltas são demais, isso se torna um problema e as vezes é difícil reverter.

Para finalizar, quero deixar claro que não estou desmerecendo em momento algum quem utiliza x frases e está de bem com a vida. Que bom, show de bola, mostra que você encontrou seu ritmo… Mas creio que seja válido mostrar como nem sempre precisamos levar tudo tão ao literal, abusar de nossos limites para apresentarmos eficiência ou alcançarmos determinadas coisas. É muito melhor demorar um pouco mais para alcançarmos o que almejamos, do que alcançarmos com a mente fraca ou até mesmo problemática. Cada um tem seu tempo, seus métodos e seus limites. A chave de tudo é o equilíbrio. Não podemos ser a pessoa que faz poucas coisas e sempre reclama que não tem tempo, tão pouco podemos ser a pessoa que realmente não tem tempo e ultrapassa o limite do saudável.

Mas e você, o quão saudável está sua rotina? Você conhece seu limite?

(E quando alguém disser “Limites foram feitos para serem quebrados”, responda: “Igual sua conta bancária ao pagar os remédios do psiquiatra”. Acredite.)

Um forte abraço e nos vemos no próximo artigo, podcast, vídeo ou em qualquer um dos conteúdos para internet meus ou da Pêssego Atômico.

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Pedro Gonçalves é Coordenador de marketing na Pêssego Atômico – Produção multimídia e Consultoria em Marketing, trabalha com consultoria e gestão com diversos clientes na região da AMUREL em Santa Catarina. 

Também é host do podcast Pêssego Podcasts onde fala de Literatura, Cinema e Quadrinhos, e possui quadros semanais nas rádios Porto Gravatá (Gravatal – SC) e Pamppas WEB (Porto Alegre – RS). 

Roteirista de Sketches de comédia pela The Second City – Comedy School de Chicago.

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